29/7. Dia de circuito nos Picos da Europa. Pequeno passeio em Riano, junto ao cais dos barcos de recreio e na rua principal, percorrida por um vento gélido.
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Amanhecer em Riano |
Abastecemos a 1,40€ e partimos, rumo ao Puerto de San Glório. estrada estreita, sempre a subir, claro, já que este ponto fica a 1609 m de altitude. Muito antes de lá chegarmos já se instalara um nevoeiro cerrado que a pouco e pouco se transformou em chuvisco. Parámos uns momentos, para absorver aquele frio saudável que pica a pele, num local que poucos meses no ano se livra da neve.
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Barragem de Riano - Boca de Huérgano |
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Mais um ponto de conquista para ciclistas, que também aqui se vêem, embora em menor quantidade do que em França.
Agora começava a descida. Grande e comprida! São quase 30 Km até Potes, sempre a descer, por estrada estreita, por vezes com grandes declives e curvas muito apertadas. Enfim, a montanha! Só perto de Potes é que o sol começou a dar mostras de querer vencer o nevoeiro. Potes é uma verdadeira jóia. Já aqui viemos inúmeras vezes mas é sempre com o mesmo prazer que a revisitamos e percorremos as suas ruelas típicas, cheias de casas de pedra, flores por todo o lado, mas sobretudo pelo conjunto harmonioso e de extremo bom gosto que toda a povoação representa.
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Potes |
Potes estava cheia de gente. Os parques cheios de carros, as ruas apinhadas. Estamos no Verão e é domingo. Já passa das 11 horas, há imensos casais jovens com 3 e 4 filhos pequenos, o que não vemos em Portugal. Máquinas fotográficas disparam a cada esquina, em cada ruela. Numa ponte faz-se "slide", a que assiste uma pequena multidão.
Internamo-nos no "casco histórico" da cidade, em ruas estreitas mas lindas, a fazer tempo para o almoço, que vai ser por ali. Há restaurantes e lojas de artesanato por todo o lado. Placas à porta indicam o preço do "menú" e o cardápio. Como a concorrência é feroz os preços são em conta. Quase todos oscilam entre os 9 e os 15 euros, o menú completo.
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Casas em Potes |
Antes que os restaurantes começassem a ficar cheios resolvemos entrar num para almoçar. E lá veio uma fabada, prato obrigatório quando estamos nas Astúrias e umas "costillas" de "cerdo" para 2º prato. A fabada estava divinal; as costillas nem tanto. Tudo regado com um tinto razoável, água e uma enorme fatia de melão. O café foi pago à parte, a 1,50€. Pagámos 10 euros por pessoa, por tudo isto.
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Rua de Potes |
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Saboreando a fabada |
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Acabado o repasto era tempo de prosseguir, pois a tarde adivinhava-se longa. Todo este percurso é para ser apreciado com vagar, quer pela beleza das paisagens quer pela perigosidade das estradas, que a isso nos obriga. Pouco depois de sair de Potes entra-se num dos pontos altos do circuito: o desfiladeiro de la Hermida.
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Início do desfiladeiro de la Hermida |
A paisagem é fantástica. Os penhascos estão a pique sobre a estrada estreita ladeada pelo rio Deva. As curvas são apertadas e em alguns locais só cabe um carro. Subitamente, numa dessas curvas, surgiu um mercedes à velocidade que se esperaria numa via rápida. Aqui as bermas são as rochas afiadas que aguardam algum deslize... Ouve-se uma pancada surda, vidros a estilhaçar-se e o espelho retrovisor esquerdo a bater violentamente no vidro da janela. Pendurado pelas correias de borracha balançava o retrovisor extensível que uso para melhor visibilidade para trás. Ninguém parou, até porque não era possível. A chamar todos os nomes bonitos que conheço em português, ao espanhol do mercedes, encostei mais à frente a medir os estragos. Afortunadamente tinha sido mesmo apenas o retrovisor extensível. Foi aquilo a que se chama uma razia! Com menor visibilidade atingimos Panes e tomámos a AS 114 por Trescares e Arenas de Cabrales. Continuavam as paisagens de sonho, sempre por entre altas montanhas e acompanhados por rios turbulentos.
Arenas é célebre pelo seu queijo e pela sidra. É também daqui que parte a estrada para Poncebos, onde tem início o funicular que dá acesso a Bulnes, única aldeia dos Picos sem ligação por estrada. É de não perder, apesar do bilhete custar 15 €. Pouco depois, em Poo de Cabrales há um miradouro para observar o mítico Naranjo de Bulnes, carismático pico de formato peculiar. Pouco antes de Cangas de Onis, aparece um desvio para Covadonga e os lagos. Para quem não conhece é de visita obrigatória. Nós não vamos lá, pois no Verão e a um domingo aquilo deve estar enxameado de gente... Nem em Cangas paramos! Os parques, apesar de vários e grandes, estão repletos. Damos uma volta e outra e avançamos para a N 625 para o desfiladeiro de los Beyos, que é para mim o que simboliza os Picos da Europa. Avança-se devagar, passando por pequeníssimas povoações, algumas apenas com 3 ou 4 casas, mas todas habitadas e bem cuidadas. O desfiladeiro é espectacular, com montanhas de calcário altíssimas em que nas passagens mais estreitas não se consegue ver o céu. Acompanha-nos o rio Sella, um dos preferidos para rafting e descidas em canoas.
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Desfiladeiro de los Beyos |
Num local paradisíaco aparece-nos o hotel Ponte Vidosa. Sòzinho, junto a uma cascata e na base de um enorme penedo.
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Hotel Ponte Vidosa |
As montanhas ao nosso lado aproximam-se deixando apenas espaço para a estreita estrada e o rio. A cada curva temos que ir para o meio para a parte de cima da autocaravana não bater na rocha que se inclina sobre nós.
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Que remédio! |
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Desfiladeiro de los Beyos |
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Estrada cortada na rocha, mirador de Oseja |
Entretanto começamos de novo a subir. E fazemo-lo durante quilómetros, sinuosamente, com muita lentidão, curva a curva, mas sempre envoltos em cenários soberbos, até Puerto del Ponton. A partir daqui a paisagem muda um pouco, vamos descendo e encontrando zonas de pastagem, muito gado à solta até que por fim avistamos as águas azul turquesa da barragem de Riano. O dia declina, pois esta volta é muito demorada e quem não a conhece e olha apenas para os quilómetros no mapa corre o risco de ser apanhado pela noite, nada agradável nestas estradas.
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Riano à vista... |
Acolhemo-nos no parque e antes da noite ainda tiramos mais umas fotografias à linda paisagem que temos aos nossos pés, bem agasalhados pois o frio aperta.
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Anoitecer em Riano |
Percorremos 212 Km.
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