sábado, 25 de agosto de 2012

PIRENÉUS FRANCESES - 14

       29/7. Dia de circuito nos Picos da Europa. Pequeno passeio em Riano, junto ao cais dos barcos de recreio e na rua principal, percorrida por um vento gélido.

Amanhecer em Riano

 Abastecemos a 1,40€ e partimos, rumo ao Puerto de San Glório. estrada estreita, sempre a subir, claro, já que este ponto fica a 1609 m de altitude. Muito antes de lá chegarmos já se instalara um nevoeiro cerrado que a pouco e pouco se transformou em chuvisco. Parámos uns momentos, para absorver aquele frio saudável que pica a pele, num local que poucos meses no ano se livra da neve.

Barragem de Riano - Boca de Huérgano
Mais um ponto de conquista para ciclistas, que também aqui se vêem, embora em menor quantidade do que em França.
Agora começava a descida. Grande e comprida! São quase 30 Km até Potes, sempre a descer, por estrada estreita, por vezes com grandes declives e curvas muito apertadas. Enfim, a montanha! Só perto de Potes é que o sol começou a dar mostras de querer vencer o nevoeiro. Potes é uma verdadeira jóia. Já aqui viemos inúmeras vezes mas é sempre com o mesmo prazer que a revisitamos e percorremos as suas ruelas típicas, cheias de casas de pedra, flores por todo o lado, mas sobretudo pelo conjunto harmonioso e de extremo bom gosto que toda a povoação representa.

Potes
Potes estava cheia de gente. Os parques cheios de carros, as ruas apinhadas. Estamos no Verão e é domingo. Já passa das 11 horas, há imensos casais jovens com 3 e 4 filhos pequenos, o que não vemos em Portugal. Máquinas fotográficas disparam a cada esquina, em cada ruela. Numa ponte faz-se "slide", a que assiste uma pequena multidão.

Internamo-nos no "casco histórico" da cidade, em ruas estreitas mas lindas, a fazer tempo para o almoço, que vai ser por ali. Há restaurantes e lojas de artesanato por todo o lado. Placas à porta indicam o preço do "menú" e o cardápio. Como a concorrência é feroz os preços são em conta. Quase todos oscilam entre os 9 e os 15 euros, o menú completo.





Casas em Potes


Antes que os restaurantes começassem a ficar cheios resolvemos entrar num para almoçar. E lá veio uma fabada, prato obrigatório quando estamos nas Astúrias e umas "costillas" de "cerdo" para 2º prato. A fabada estava divinal; as costillas nem tanto. Tudo regado com um tinto razoável, água e uma enorme fatia de melão. O café foi pago à parte, a 1,50€. Pagámos 10 euros por pessoa, por tudo isto.



Rua de Potes
Saboreando a fabada












Acabado o repasto era tempo de prosseguir, pois a tarde adivinhava-se longa. Todo este percurso é para ser apreciado com vagar, quer pela beleza das paisagens quer pela perigosidade das estradas, que a isso nos obriga. Pouco depois de sair de Potes entra-se num dos pontos altos do circuito: o desfiladeiro de la Hermida.
Início do desfiladeiro de la Hermida
A paisagem é fantástica. Os penhascos estão a pique sobre a estrada estreita ladeada pelo rio Deva. As curvas são apertadas e em alguns locais só cabe um carro. Subitamente, numa dessas curvas, surgiu um mercedes à velocidade que se esperaria numa via rápida. Aqui as bermas são as rochas afiadas que aguardam algum deslize... Ouve-se uma pancada surda, vidros a estilhaçar-se e o espelho retrovisor esquerdo a bater violentamente no vidro da janela. Pendurado pelas correias de borracha balançava o retrovisor extensível que uso para melhor visibilidade para trás. Ninguém parou, até porque não era possível. A chamar todos os nomes bonitos que conheço em português, ao espanhol do mercedes, encostei mais à frente a medir os estragos. Afortunadamente tinha sido mesmo apenas o retrovisor extensível. Foi aquilo a que se chama uma razia! Com menor visibilidade atingimos Panes e tomámos a AS 114 por Trescares e Arenas de Cabrales. Continuavam as paisagens de sonho, sempre por entre altas montanhas e acompanhados por rios turbulentos.

Arenas é célebre pelo seu queijo e pela sidra. É também daqui que parte a estrada para Poncebos,  onde tem início o funicular que dá acesso a Bulnes, única aldeia dos Picos sem ligação por estrada. É de não perder, apesar do bilhete custar 15 €. Pouco depois, em Poo de Cabrales há um miradouro para observar o mítico Naranjo de Bulnes, carismático pico de formato peculiar. Pouco antes de Cangas de Onis, aparece um desvio para Covadonga e os lagos. Para quem não conhece é de visita obrigatória. Nós não vamos lá, pois no Verão e a um domingo aquilo deve estar enxameado de gente... Nem em Cangas paramos! Os parques, apesar de vários e grandes, estão repletos. Damos uma volta e outra e avançamos para a N 625 para o desfiladeiro de los Beyos, que é para mim o que simboliza os Picos da Europa. Avança-se devagar, passando por pequeníssimas povoações, algumas apenas com 3 ou 4 casas, mas todas habitadas e bem cuidadas. O desfiladeiro é espectacular, com montanhas de calcário altíssimas em que nas passagens mais estreitas não se consegue ver o céu. Acompanha-nos o rio Sella, um dos preferidos para rafting e descidas em canoas.
Desfiladeiro de los Beyos

Num local paradisíaco aparece-nos o hotel Ponte Vidosa. Sòzinho, junto a uma cascata e na base de um enorme penedo.


Hotel Ponte Vidosa
As montanhas ao nosso lado aproximam-se deixando apenas espaço para a estreita estrada e o rio. A cada curva temos que ir para o meio para a parte de cima da autocaravana não bater na rocha que se inclina sobre nós.







Que remédio!
Desfiladeiro de los Beyos
Estrada cortada na rocha, mirador de Oseja
Entretanto começamos de novo a subir. E fazemo-lo durante quilómetros, sinuosamente, com muita lentidão, curva a curva, mas sempre envoltos em cenários soberbos, até Puerto del Ponton. A partir daqui a paisagem muda um pouco, vamos descendo e encontrando zonas de pastagem, muito gado à solta até que por fim avistamos as águas azul turquesa da barragem de Riano. O dia declina, pois esta volta é muito demorada e quem não a conhece e olha apenas para os quilómetros no mapa corre o risco de ser apanhado pela noite, nada agradável nestas estradas.
Riano à vista...
Acolhemo-nos no parque e antes da noite ainda tiramos mais umas fotografias à linda paisagem que temos aos nossos pés, bem agasalhados pois o frio aperta.
Anoitecer em Riano

Percorremos 212 Km.

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