quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PIRENÉUS FRANCESES - 11

   26/7. Feito o passeio no Cirque de Gavarnie, estavam atingidos os objectivos em França, e era altura de prosseguir o caminho para oeste, aproximando-nos do ponto escolhido para atravessar os Pirenéus: St-Jean-Pied-de-Port. Este, porém, era ainda um dia de alta montanha, com o seu ponto alto (alto mesmo) no Col d'Aubisque.
    Saímos do parque, fazendo o caminho inverso da vinda, por Gorge de Luz e Argelès-Gazost. Aqui, apanhámos de novo a D-918, nossa companheira dos Pirenéus. Logo nos primeiros quilómetros começámos a encontrar imensos ciclistas que dificultavam bastante a progressão, pois e estrada é muito estreita, sinuosa e sempre a subir, a subir...
A caminho do Col du Soulor


Passamos povoações lindíssimas, como Aucun, mas sobretudo Arrens-Marsous, com casas de sonho, flores por todo o lado e um enquadramento paisagístico fabuloso. Os ciclistas são em cada vez maior número, à conquista do Col du Soulor, que dista 8 Km de Arrens-Marsous, mas 8 Km bem suados...





Última curva antes do Col du Soulor





Com o motor a pedir tréguas chegámos ao Col du Soulor, no meio de imensos ciclistas, motociclistas e também muitos carros e autocaravanas. Muita gente, muitas fotografias, muitos animais à solta, bovinos, burros e ovelhas desejosos de confraternizar com os humanos e seus transportes...



Col du Soulor










Fila para a cabine telefónica... Col du Soulor



Guardando o quiosque...












Col du Soulor



A partir daqui, quem quer seguir para o Col d'Aubisque, tem o acesso condicionado. Uma placa indica que deste lado só se pode passar de manhã. Não é por acaso! A estrada é muito estreita, há locais onde não se consegue cruzar, nos túneis só cabe um carro e olhar lá para baixo, arrepia... A protecção é mínima e um percalço aqui pode ser fatal. No entanto, vão surgindo viaturas em sentido contrário...

Encolhidos, para cruzamento...





Os marcos de pedra na berma de pouco serviriam se lhes testássemos a resistência...











Nos túneis só cabe um de cada vez. É entrar e esperar que não apareça ninguém em sentido contrário...









A estradinha que trepa, vista de longe...


Por vezes, vamos bastante tempo atrás de apenas um ciclista, dado que as curvas apertadas se sucedem e não há espaço para folgas...











E chegamos ao cimo, ao Col d'Aubisque.


O estacionamento é ocupado por carros, autocaravanas, motos, bicicletas, cavalos, ovelhas e burros.












Alguns pedem-nos boleia...

















A paisagem é arrebatadora. Lá em baixo, no fim de um autêntico circuito, vê-se o perfil de um pequeno hotel, localizado à beira de um abismo.

     
Em homenagem ao Tour de France - Col d'Aubisque
        Começamos a descida. Sucedem-se os cotovelos na estrada. Detemo-nos junto do pequeno hotel que avistáramos momentos antes, lá em cima. Imagino como será passar ali a noite debaixo de uma tempestade... A estrada estreita, com enorme declive e sem protecção, continua, passando por localidades deliciosas, vilas termais, como Gourette e Eaux-Bonnes.

Descendo, com Gourette ao fundo

 Descemos mais uma "rampa", com 17% de inclinação, antes de chegarmos a Eaux-Bonnes e pouco depois entramos em Laruns. O tempo mudara. Havia no céu nuvens escuras e um calor abafado pairava sobre nós. Fomos ao Intermarché de Laruns, situado à saída. Um francês colocava uma baguete sob o sovaco, que pouco antes à sua passagem deixara um rasto de suor requentado de vários dias... Devia ser para a humedecer e torná-la mais macia... Pouco depois encontrámos um bom local para almoçar, à beira de um rio. Começaram a cair uns pingos de chuva e a ouvir-se uns trovões ao longe. Continuámos, agora na D-934 até Arudy, para entrarmos de novo na D-918, para mais montanha, subidas e estrada estreita até Asasp, Arette, Aramits e por fim Tardets-Sorholus.

D 918 antes de Asasp (larga Q B)


Tinha programado pernoitar aqui. Ainda era cedo e fazia um calor asfixiante. Parámos junto ao rio Saison, para apanhar ar antes de procurar o parque. Vimos uma placa de "camping" a apontar para o outro lado do rio, ali mesmo ao lado. Atravessei a ponte a pé e logo ali, estava um parque fantástico, debaixo de um frondoso arvoredo, com um viçoso tapete de relva abundante e fresca e uns maravilhosos bungalows perfeitamente integrados no conjunto. Não era o parque que procurávamos, mas a escolha ficou decidida imediatamente. Atravessámos a estreitíssima ponte, entrámos no parque, com pouca gente e procurámos alguém. Não estava ninguém na recepção e alguém nos informou, em basco, (traduzido para castelhano) que nos podíamos instalar à vontade, que lá para a noite a dona devia chegar... Foi o que fizemos. Logo a seguir, quando me preparava para consolar a garganta seca, começou a cair uma grossa chuvada acompanhada de forte trovoada.

Camping Pont d'Abense
Chuvada em Pont d'Abense


O calor, todavia, não abrandava. Aproveitámos para jogar uma partida de cartas, com a ventoinha ligada e umas cervejinhas a auxiliar, enquanto a trovoada estralejava sem parar.








Camping Pont d'Abense
À noite, de facto, apareceu a dona do parque, uma velhota simpática, rodeada de símbolos, bandeiras e objectos da cultura basca. O parque foi o mais caro de todos os que utilizámos (23,70€), mas também foi sem dúvida o melhor. Espero aqui voltar um dia. A noite foi atribulada, com chuva e continuação da trovoada por umas horas. Por fim, o silêncio...

Percorremos 166 Km

www.camping-pontabense.com

Sem comentários:

Enviar um comentário