sábado, 14 de janeiro de 2012

DEZEMBRO NA BEIRA BAIXA - 2

Comboio regional Entroncamento-Covilhã
Estação de Belver, vigiada pelo castelo
Ponte da Ribeira da Carpinteira
O segundo dia estava destinado a viajar de comboio até à Covilhã, actual estação terminal da linha da Beira Baixa, desde que o troço Guarda-Covilhã foi encerrado para "manutenção", designação habitualmente utilizada como prelúdio do encerramento definitivo. Levantar cedo, cuidados de higiene, pequeno almoço, arranjar um lanche para a viagem, verificação de conteúdo da mochila e lá me pus a caminho do apeadeiro mesmo em frente do parque. O tempo estava muito fresco, mas com céu azul. Menos de cinco minutos passados, chegava o comboio, pouco depois das 8,30h. Trazia alguns passageiros, cujo destino era na sua maioria Castelo Branco, como verifiquei depois. Faço algumas vezes este percurso, pelo prazer de viajar sempre à beira do rio, sendo o trajecto mais bonito entre V N da Barquinha e Ródão, sempre junto ao Tejo. Logo a seguir à barragem de Belver, vem a estação com o mesmo nome, com a praia fluvial do Alamal mesmo em frente do outro lado do rio, com um pequeno hotel da Inatel e um espectacular passadiço de madeira suspenso sobre as águas do rio que vai desde aqui até à ponte metálica ao pé da estação. O comboio prossegue, em alguns troços de forma lenta, passando por pequenos ancoradouros, pela barragem de Fratel, numa sucessão de pontões e alguns túneis, até que, num último, atravessamos as portas de Ródão e chegamos à vila que faz jus ao nome, pois é actualmente a que tem a população mais envelhecida de Portugal: Vila Velha de Ródão. Por vezes saio aqui, vou ao restaurante O Júlio, comer uns peixinhos do rio (recomendo) e regresso no comboio seguinte. Desta vez continuo. Aqui separamo-nos do Tejo e a viagem torna-se mais confortável, pois antes de Ródão as travessas de madeira foram substituídas por betão, que dão outra estabilidade e segurança. A linha, que até há pouco só estava electrificada até Castelo Branco, já está até ao seu termo, na Covilhã, o que também contribui para o conforto da viagem. Esta agora faz-se quase paralelamente à A-23 até Castelo Branco. O comboio detém-se nesta cidade alguns minutos e pouco depois prossegue, agora com menos passageiros. As estações estão desertas, umas ao abandono, outras recuperadas, mas fechadas. Agora atravessamos a paisagem característica da Beira Baixa, com as suas planícies, olival, alguns rebanhos, até que começa a aparecer do lado esquerdo a serra da Gardunha com seus picos rochosos, por alturas de Soalheira, Castelo Novo e Alpedrinha, aldeias rústicas de gloriosos passados que valem bem uma visita mais demorada. Em seguida o comboio faz uma longa curva, contornando a serra e pouco depois entra na Cova da Beira, deixando para trás a conhecida campina de Idanha, detendo-se pouco depois no Fundão. Aqui sobem a bordo muitos estudantes que frequentam a UBI na Covilhã. O comboio atravessa a cidade e sua zona industrial com uma dimensão razoável, em seguida o rio Zêzere, Tortosendo e pouco depois chegamos à Covilhã, são 11,15h. A estação está em obras. O regresso será às 13,05h, o que me permite ir atravessar a ponte da Ribeira da Carpinteira, obra emblemática da Covilhã que ainda não conhecia. Para isso tenho que trepar por ruas íngremes e depois de uma boa suadela lá cheguei. É de facto uma obra digna de ser apreciada e bastante útil à cidade já que liga um bairro populoso da periferia, ao centro, percurso que anteriormente era efectuado por estrada com uma enorme extensão e declives. Atravessei-a como pretendia, voltei e fui petiscar numa tasca até serem horas do regresso. Às 13,06h, pontualmente, arrancámos de volta e cheguei à barragem de Belver antes das 16h. Ainda a tempo de passear pelas imediações, até o dia começar a declinar e o frio a convidar ao recolhimento.

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