Depois de alguma instabilidade nos dias anteriores, a previsão era de céu limpo e temperaturas agradáveis para toda a região. Assim, no último dia da nossa estadia em Itália, partimos com 3 objectivos: a passagem no Col du Grand S. Bérnard, visita à cidade suíça de Martigny e o ponto mais elevado dos Alpes, o Monte Branco. Tomámos a S-27 e logo à saída deparámos com uma grande concentração de burros de 4 patas.
Fizemos a primeira paragem na aldeia de Etroubles, antes do desvio para Col du Grand S. Bernard, para quem opta por não entrar no túnel, como nós. Não gosto de túneis e, por norma, quando vou em passeio e com tempo, prefiro as estradinhas que trepam pelas montanhas, com belas paisagens e sem portagens.
Estrada do Col du Grand S. Bernard |
Havia muitas motos na estrada, como aliás em todos os dias já decorridos.
Pouco depois, chegávamos a um pequeno lago e à fronteira suíça.
Não se encontrava ninguém no posto fronteiriço e a entrada fazia-se à vontade, como em toda a UE. Veremos a partir de Novembro de 2015, com a denúncia do Acordo de Schengen por parte da Suíça, como será.
Há aqui um hospício fundado pelos monges, onde estes treinavam os famosos cães de montanha. Logo que começamos a descer no lado suíço, vemos painéis alusivos à passagem das tropas de Napoleão em 1800.
É inevitável que no meio daquela paisagem inóspita, embora de extrema beleza, o silêncio nos transporte até há 2 séculos atrás e a nossa imaginação comece a traçar cenários e dramas outrora ali vividos.
Como seria passar ali, sem estradas, um exército a pé e a cavalo, em Maio, com neve, arrastando fardos com provisões, peças de artilharia, animais, diverso armamento? Gente que tantas vezes só comia aquilo que conseguia saquear às populações que por infelicidade sua, lhes ficavam no caminho?
Suíça, logo após o Col du Grand S. Bernard |
Continuámos a descida, passando por cenários de grande beleza, com lindas aldeias de casas com telhados alpinos, encostas de verde intenso e depois a estrada entrou em túneis abertos para o lado do vale, que a protege de avalanches e da queda de nevões, no Inverno.
Entrámos em Martigny, acolhedora cidade suíça que tem a curiosa particularidade de as suas rotundas terem uma obra de arte diferente em cada uma.
Como sempre acontece por onde passamos, também ali decorria uma feira, onde se ouvia de quando em quando falar português!
As ruas e largos principais, estavam cheios de esplanadas, de restaurantes e cafés cheios de gente, que gozavam o magnífico dia de sol. Saímos e parámos numa subida para apreciar a cidade em baixo, rodeada por vinhedos.
Começámos a subida para o Col de la Forclaz. Viam-se imensas barraquinhas à beira da estrada a vender "apricots". Pelos vistos ali não há a ASAE, nem o fisco a perseguir os vendedores...
Entrámos em França em Le Châtelard e a partir de Argentière a silhueta do Mont Blanc dominava a paisagem.
Ao lado da estrada, a espectacular linha do Expresso do Mont Blanc, acompanhava-nos, desde Martigny a Chamonix.
Chamonix-Mont-Blanc |
A cidade vive da montanha e dos desportos a ela associados.
No Inverno, o esqui e restantes desportos de neve, são reis da cidade e arredores, enchendo a abundante oferta hoteleira e estâncias de alta montanha.
No Verão, é o "rafting", a canoagem, o parapente, a escalada e a caminhada que a preenchem. Toda a cidade regurgita de juventude.
Para evitar o túnel do Monte Branco, que após 12 Km debaixo da Aiguille du Midi, nos colocaria em Courmayeur, na Itália, tivemos que fazer todo o caminho da vinda. Nenhum sacrifício, afinal, mas havia que partir. E lá fomos, por Martigny, agora sem parar.
Passámos de novo o Col du Grand S. Bernard
A fronteira Suíça/Itália
as aldeia italianas do Valle del Gran San Bernard
e pouco depois, estávamos em Plan D'Avie.
Antes da nossa última noite de estadia italiana, tivemos ainda a grata surpresa de um lanche oferecido pelos nossos anfitriões, na cave da casa, onde envelhecem os vinhos. Com a companhia dos vizinhos de outro apartamento, a que se juntou por acaso a veterinária que cuida dos animais da quinta, foi um convívio que fechou de forma esplêndida a inesquecível estada neste agriturismo do Vale de Aosta.
A cave dos queijos também não ficou esquecida...
Último registo, agora nocturno, da bela cidade de Aosta, aos pés de Plan D'Avie.
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