sábado, 21 de abril de 2012

FRANÇA 2010 - EPÍLOGO

    Tentando agora fazer um pequeno balanço geral da viagem, concluímos que percorremos 4500 Km, gastando 358 € em gasóleo. Este, quer em Espanha quer em França, estava a um agora saudoso preço médio de 1,07 € o litro.
     Quando saímos do nosso país, é normal que façamos comparações com o que vamos encontrando. Nós portugueses, temos muito o hábito de considerar que tudo o que vem ou está lá fora é melhor do que o que temos ou produzimos, o que em muitíssimos casos não corresponde à verdade. Por exemplo, as estações e áreas de serviço, nomeadamente as espanholas, são muito inferiores às nossas, principalmente as instaladas


 em auto-estradas e vias rápidas, em que se tem que sair da via principal, não poucas vezes por centenas de metros até à localidade mais próxima e com deficientes indicações para retornar à via rápida. Por falar em indicações, Espanha é muito parecida a Portugal neste aspecto. Deficiente sinalização indicativa, parecendo muitas vezes que é dirigida unicamente a quem já conhece bem os locais. Em França é bem melhor, não há localidade por mais insignificante que seja, que não esteja bem sinalizada, nem há cruzamentos a testar a nossa capacidade de adivinhação...
        Os parques de campismo são outros equipamentos onde é inevitável fazer comparações, a começar pelos preços praticados. Muito mais caros, principalmente os espanhóis e com muito menos qualidade, em geral. Em Portugal, consegue-se facilmente encontrar parques que custam em média 10€ por noite ( 2 pessoas, autocaravana e electricidade) enquanto em Espanha é difícil encontrar algum que cobre menos do dobro, ou seja 20 €. Já a qualidade dos parques portugueses é, em média, muito superior à dos espanhóis e franceses. E os que se nos equiparam, ficam por preços quase equivalentes aos cobrados por um quarto num hostal... As casas de banho são menos espaçosas e muitas vezes degradadas e sujas; na maioria dos parques só há pontos de água nas casas de banho, enquanto em Portugal há torneiras espalhadas por todo o lado; com os "pimenteiros" de electricidade passa-se o mesmo, havendo parques em Espanha que têm os caminhos interiores completamente às escuras e muitas áreas e alvéolos sem qualquer ponto de electricidade. Até os arranjos interiores deixam muito a desejar, havendo alguns que pouco mais são que um pinhal com uma vedação à volta, uma casa de banho no meio e onde se cobra 18 ou 20 € para ficar. O que têm  melhor que nós é o respeito pelos outros, pelas horas de silêncio e outras regras existentes.
       Uma das particularidades que sempre nos agradou nos nossos passeios, foi a grande frequência com que encontrávamos fontes à beira das estradas, onde nos refrescávamos e dessedentávamos, especialmente


no Verão. Hoje, infelizmente, muitas secaram, mais por incúria e vandalismo do que por alterações ambientais e as que resistem tornaram-se duvidosas e arriscadas quanto à qualidade das suas águas. Em Espanha e França, são praticamente inexistentes.
      Achámos curioso que as rádios passem quase exclusivamente música do seu país, em Espanha cantadas em castelhano, em França em francês. Em Portugal é o que sabemos...
      Nos supermercados, tentámos descobrir artigos portugueses, o que se revelou um exercício quase impossível. Mesmo em produtos onde somos relativamente fortes, como as conservas de peixe ou os vinhos, só nas grandes cadeias se encontrava um ou outro artigo. Apenas num supermercado Intermarché, perto de Carcassonne, havia um pequeno canto destinado a produtos não franceses e nesse restrito sector vimos umas garrafas de vinho do Porto! Quanta diferença dos nossos, efectivamente! Ali defende-se com vigor os produtos locais. Quanto a preços, são bem mais caros todos os produtos frescos, quer sejam legumes, frutas, peixes ou carnes.
        Outra curiosidade foi a qualidade dos parques automóveis. E aqui gostaria de salientar a nossa surpresa pelas inúmeras viaturas de marca Dacia, em França, na altura praticamente desconhecida no nosso país.
         E por fim, a comida e os restaurantes. Que nos perdoem os que exaltam a comida mexicana, argentina, tailandesa, japonesa ou israelita. Para mim, a melhor comida serve-se em Portugal!


E já agora, a bebida... E na bebida tanto cabe o vinho como a água! Não gosto do sabor da água francesa. Quando saio já transporto dois ou três garrafões de água portuguesa. E o pão? E o café? Ao fim de duas semanas, sou capaz de fazer, como já aconteceu, 700 Km para vir comer uma posta mirandesa a Gimonde... E levantar pela manhã num parque de campismo português, ouvir o apito de uma carrinha, o portão traseiro que se abre e... o cheirinho de várias espécies de pão fresco e macio, os belos e irresistíveis pastéis de nata e outros mimos irrecusáveis, que nos fazem lembrar, sem saudades, a invariável "baguete" espanhola, quase insípida e dura como um pau, ao fim de algumas horas?
      Apesar de todas as vicissitudes, dos momentos menos bons, do ambiente depressivo, é sempre bom voltar ao nosso país. É esta a nossa terra, é aqui que pertencemos e é aqui que nos sentimos bem. Há o ir lá fora passear, mas... Há o ir e o voltar!

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