Apanhámos a A-15, como habitualmente, a A-1 em Santarém e a A-23 em Torres Novas. Para grandes jornadas não há alternativas às auto-estradas. A A-23 é caríssima. Paragem na área de serviço de Abrantes para um chi-chi e saída no nó de Castelo Novo, para almoçar em Alpedrinha e procurar os restos de cerejas do Fundão. Milagrosamente ainda havia um vendedor que nos arranjou 2 Kg, bem maduras. Voltámos a entrar no nó do Fundão, onde começaram a aparecer umas nuvens escuras a ameaçar trovoada. Viam-se imensos carros de matrícula espanhola, na A-23, mas sobretudo na A-25, a partir da Guarda. Presumo que já descobriram que não pagando, ninguém os obriga a pagar... Efectivamente, assim que passámos Fuentes de Onoro, começou a chover torrencialmente e a trovejar. Parámos numa área de descanso para ver se descarregava, mas logo que retomámos a estrada, a trovoada recrudesceu, caindo um intenso granizo até já depois de Salamanca. Noite tranquila. 510 Km; parque - 16,50€
Dia 15/7, saída pouco depois do nascer do sol. O tempo estava fresco. Assim que entrámos na A-62, vimo-nos no meio da avalanche de pesados. Valladolid, Palência, Burgos. Aqui, optámos por abandonar a auto-estrada que passa a ser paga e tomámos a N-120 para Logrono. Tanto em Burgos como em Logrono, é preciso entrar nos subúrbios da cidade, mas a sinalização é muito boa e torna-se fácil seguir para onde queremos. Ainda antes de Logrono, em Najera, começa a A-12, que prossegue rumo a Pamplona. Precisávamos de um local para almoçar e ele não aparecia. O sol bem quente já castigava. Tivémos que sair, no nó 31 e descobrimos um local muito sossegado, com árvores, junto ao monastério de S. José, perto de Alloz. Ainda vimos as nossas irmãs e o abade. Prosseguimos para Pamplona. Aqui chegados, queríamos seguir pela N 135 a caminho de Roncesvalles e Valcarlos. A PA 30, circunda a cidade e vai distribuindo o trânsito para as várias saídas. Nós bem procurámos, mas da N-135 nem rasto. Voltas e mais voltas, fomos parar dentro da cidade, valendo-nos que o S. Fermin tinha acabado na véspera, não fosse aparecer algum touro desembestado... Todas as indicações que nos pareciam a correcta, indicavam "Francia". Mas pouco depois verificávamos que estávamos na A-15. Ora existem 3 estradas para França: a A-15, que é de facto a principal, mas também a N 121 A e a N 135, que bordeja o caminho francês para Santiago. Voltámos para trás mais uma vez. Estava a ver o tempo a passar e decidi pôr os 2 GPS que nunca uso, a trabalhar. Um, passou o tempo a adquirir satélites e o outro ensandeceu, ficando doidão de todo. Acabei por parar num posto de combustível e pedir ajuda. O rapaz quando ouviu falar em Roncesvalles e S. Jean-Pied-de-Port, coçou a cabeça, rodou o boné, pensou e por fim pôs-se a desenhar aquilo que me parecia uma pulseira de missangas. Afinal eram rotundas, segundo explicou... Lá fomos, contámos as rotundas, seguimos as indicações, mas no final fomos parar a um sítio onde já tinha estado. Já disposto a sair por qualquer lado e depois apanhar uma estrada secundária que me levasse à N 135, casualmente apareceu numa rotunda a indicação para França pela N-135! Afinal não é só em Portugal que há falhas destas na sinalização. Lá fomos pela estrada que é muito bonita, com muito arvoredo, mas muitas curvas também. Encontravam-se muitos peregrinos pelo caminho que frequentemente passa mesmo ao lado da estrada, com pesadas mochilas às costas, cajado na mão e vieira pendurada. Último abastecimento em Espanha numas bombas que já conhecemos bem, antes de Auritz e logo a seguir, Roncesvalles, onde muitos peregrinos iniciam o caminho para Santiago.
Albergue de peregrinos-Roncesvalles |
Parámos, para ver a igreja e o albergue.
Igreja - Roncesvalles |
A igreja é muito bonita, com belos vitrais e tem umas catacumbas bem curiosas.
Logo a seguir a Roncesvalles, há um miradouro com uma capela, no fim de uma enorme subida. Paramos sempre aqui, para sentir o vendaval que invariavelmente se apresenta e a bela vista sobre os Pirenéus.
A partir daqui a estrada desce com grande inclinação e com curvas apertadíssimas, por alguns quilómetros até Valcarlos, última localidade espanhola. Aqui nestes desfiladeiros, a rectaguarda do exército de Carlos Magno sofreu uma emboscada dos bascos que lhe provocaram pesadas baixas. Entramos em França e pouco depois chegamos ao nosso destino do dia, St Jean-Pied-de-Port, cidadezinha deliciosa, linda, com um casario medieval, flores por todo o lado, restaurantes e esplanadas sempre cheios, muralhas e fortificações bem cuidadas e um dos pontos bem conhecidos do caminho francês para Santiago, onde os peregrinos se preparam para a travessia dos Pirenéus.
St Jean-Pied-de-Port |
Muita gente a passear, aproveitando o fresco da noite e as belas vistas proporcionadas pela iluminação bem posicionada.
536 Km Parque 27€ (2 noites)
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