domingo, 18 de maio de 2014

SS. NOS PICOS DA EUROPA

      Este ano, a Semana Santa foi reservada para mais uma expedição aos Picos da Europa, um dos nossos destinos de eleição e aonde regressamos com regularidade. Partimos logo no sábado dia 12/4, para aproveitar ao máximo a semana. O percurso de ida foi dividido em 2 dias, para não tornar a viagem cansativa, o primeiro até Burgos e o segundo de Burgos até Brez.
      A primeira paragem teve lugar junto ao parque Pólis de Abrantes, do lado sul, local onde habitualmente esticamos as pernas.
Ponte ferroviária sobre o Tejo, em Abrantes


Toda esta zona ribeirinha, quer do lado norte quer do lado sul do Tejo, ficou muito bonita, com amplos relvados, imensos lugares para estacionamento, uma área de serviço para autocaravanas (norte), ciclovias e uma paisagem magnífica.






      Prosseguimos pela A-23, pois o caminho era longo e não se compadecia com as nossas preferidas e antigas estradas sinuosas. Saímos no Fundão, para almoço, num pequeno restaurante (D. Martim), que nos acolhe habitualmente quando demandamos a Cova da Beira. Continuámos até à fronteira de Vilar Formoso, e depois pela nossa velha A-62, por Salamanca, Valladolid, Palência, até cerca de 15 Km de Burgos, junto de uma área de serviço onde havíamos reservado quarto num hotel simpático, o Rio Cabia, situado estrategicamente para quem queira apenas pernoitar e seguir viagem no dia seguinte, como era o nosso caso.

Hotel agradável, mas um pouco barulhento para quem, como eu, tem o sono levíssimo. Há sempre alguém descuidado a chegar a toda a hora, a arrastar móveis como se estivesse a fazer limpeza ao quarto e logo a seguir alguém descuidado a partir a toda a hora...

   Na manhã seguinte, cedo e com um céu de um azul límpido, partimos para a A-62 ali ao lado, até Burgos. O objectivo era visitar a sua catedral, uma das mais belas de Espanha. Entrámos na cidade e, embora fosse cedo e domingo, não foi fácil arranjar estacionamento. Por fim lá encontrámos um lugar e dirigimo-nos até ao Arco de Stª Maria.


Arco de Stª Maria - Burgos


Era domingo de Ramos e a cidade estava em festa. Havia imensa gente nas ruas, preparava-se a procissão de Ramos, andavam crianças em trajes alegóricos, muitas pessoas com o tradicional ramo na mão. No largo da catedral, convergiam os grupos que se dirigiam à Plaza Mayor, onde o cortejo festivo se organizava para desfilar pouco depois.






Entrámos na catedral para uma demorada visita. Todos os adjectivos que queira empregar para descrever a sua beleza, não lhe farão justiça. É indescritível. O gótico encontra aqui o seu máximo esplendor. Cada capela é uma surpresa, mais bela que a anterior. Percorrêmo-la devagar, como só assim se pode saborear devidamente tamanha preciosidade.













Mas foi de facto o zimbório que mais me fascinou. Já tinha o pescoço dorido de tanto olhar para cima, para aquela maravilha da arte escultórica. Andámos por ali mais de 2 horas e saímos. Bandas tocavam e passavam anjinhos e soldados romanos a caminho da Plaza Mayor.








Deambulámos um pouco mais pela cidade, pelo meio de cada vez maior multidão, a fazer horas para o almoço, pois antevíamos dificuldade em arranjar lugar em restaurante quando a procissão acabasse. Assim, tratámos de nos instalar numa mesa  mesmo à beira do local por onde passaria a procissão e enquanto ela passava íamos almoçando.





Efectivamente, foi só pagarmos a conta e começou a grande invasão, depois do interminável repicar dos sinos da catedral. Eram milhares de esfomeados procurando repasto! Chegou assim a altura de procurar o carro e partir, pois ainda tínhamos um longo percurso para fazer. Saímos da cidade, rumo a norte, pela N 627, até Aguillar de Campoo. Aqui, apanhámos a CL 626. A partir de Aguillar começam a ver-se cumes nevados ao longe.

Em Cervera de Pisuerga continuámos pela N 627, com o turbulento rio Pisuerga por companhia.
Rio Pisuerga
    Bem antes de Ojedo, já se avistavam os Picos nevados e os maciços montanhosos que, com o contraste do azul do céu, formavam paisagens de cores espectaculares.

    Atravessámos a linda Potes sem parar, para seguirmos na estrada que segue para Fuente Dé. Em Camaleno há um desvio para Brez, lugarejo onde tínhamos reservado o nosso poiso para uma semana. Depois de uma subida de alguns quilómetros, por uma estradinha estreita e sinuosa, com vistas de cortar a respiração, alcançámos o nosso destino. Uma pequeníssima aldeia, onde há muito mais vacas e ovelhas do que pessoas, perdida na encosta de uma enorme montanha coberta de neve no cimo e de um verde intenso mais abaixo. Para chegar ao apartamento havia ainda que subir uma rampa de cimento, que, estimei em mais de 20% de inclinação e que só se conseguia subir tomando balanço, mas ainda assim, com os pneus a derrapar e muito cheiro a borracha queimada.


Descarregámos a bagagem para uma semana de estadia e fomos até ao pequeno balcão que também servia de estacionamento para 3 automóveis, deliciar-nos com o profundo silêncio apenas entrecortado pelos chocalhos das vacas e os balidos dos cordeiros chamando pelas mães e a paisagem de final de tarde, absolutamente deslumbrante que nos rodeava.



Deslumbramento à chegada

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