terça-feira, 19 de março de 2013

AMENDOEIRAS 2013 - III

       Durante a noite, acordei com a chuva a tamborilar no tejadilho. Passado pouco tempo, porém, esse bater tornou-se mais suave, como se fosse o roçar de folhas de papel. Estranhei e como estava um frio de rachar, não me levantei, aconcheguei-me mais e voltei a adormecer. Quando amanheceu e abri a porta, fiquei extasiado com o panorama que tinha à minha frente. Caía um intenso nevão, como eu nunca tinha presenciado e o parque estava coberto por um manto branco que já tinha uns bons centímetros.


Fiquei maravilhado! Lá fui até à casa de banho, pé ante pé, mas a neve estava muito fofa, não havia ainda qualquer perigo. Tirei rapidamente a conclusão que os planos se tinham alterado e que o dia teria que ser passado por ali. Tomado o pequeno almoço, fui ver como estava a cidade. A rua à saída já apresentava o piso gelado por baixo da neve, tornando-se perigosa. Com a inclinação, a progressão era cansativa e muito lenta. Na avenida principal, cujo piso é de paralelepípedos, só circulavam viaturas dos bombeiros e da Protecção Civil. Regressei, pois o frio penetrava rapidamente através das calças e na pele da cara. Impossibilitado de sair, tive que recorrer à despensa. A electricidade começou a falhar e a faltar por largos períodos, o que impedia o acesso a internet fixa e ao aquecimento, demasiado potente para a instalação eléctrica autónoma da autocaravana. Logo que falhava, a temperatura baixava rapidamente.



O dia teve que ser passado por ali, já que a neve caiu com intensidade até ao declinar da tarde, quando já se acumulavam uns 20 cm. Continuou a cair um género de areia gelada, um granizo miúdo. Todo o norte do país estava debaixo de um manto branco e gelado, portanto não havia maneira de sair dali.






Ao anoitecer parou de nevar e o frio aumentou bastante mais. Durante a noite, de tempos a tempos, caía um bloco de neve do tejadilho para o pára-brisas e capot, que me provocava um susto.







De manhã já não nevava. O céu estava plúmbeo, ameaçando com mais neve. E se recomeçasse a cair? Eu já fazia contas a mais um ou dois dias ali retido. O espectáculo era inolvidável, mas agora já chegava... Entretanto, começou a chover. Fiquei com a esperança que derretesse a neve acumulada, mas parou logo a seguir. Fui dar uma volta pela cidade. Estava tudo parado, com as escolas encerradas, mas já se viam pessoas na rua. As estradas tinham uma camada de gelo por baixo da neve e logo vi que tinha que ficar mais um dia sem sair dali. À tarde o tempo melhorou e começou o degelo em vários pontos. De cima do tejadilho corria um rego de água sem cessar. À noite já havia bons bocados de estrada à vista, o que me deu alguma esperança de no dia seguinte poder sair.














Aqui fica um pequeno vídeo que mostra como a neve caía no primeiro dia de manhã.



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