Cais da Régua |
Vista da estrada N 222 |
Esta estrada tem que ser saboreada devagar, com requinte, parando quando passa algum barco ou comboio. Não chegámos a entrar no Pinhão, dado que a estrada continua para S. João da Pesqueira antes de ali chegar, mas aconselhamos vivamente a visita à localidade, com paragem obrigatória na estação de comboios, com os seus magníficos painéis de azulejo, ao cais e à Vintage House e sua loja de vinhos e produtos "gourmet", embora para bolsas bem nutridas...
Atacamos a subida para S. João da Pesqueira, no meio de extensos vinhedos, nesta altura do ano numa profusão de verdes fortes. A certa altura, mais uma paragem obrigatória, num ponto com uma vista fantástica sobre o Pinhão, o rio, a ponte de ferro e a tarefa ciclópica desenvolvida pelo Homem nas encostas ao longo de séculos e que se estende agora à nossa frente numa paisagem inolvidável.
Pinhão, ao longe |
Continuamos, sempre pelo meio de vinhas, por Ervedosa do Douro, até S. João da Pesqueira. É uma vila pequena, simpática, com uma área para autocaravanas logo à entrada e um parque de campismo no centro, junto do quartel dos bombeiros, onde já temos ficado noutras ocasiões.
Sortilégios no Douro |
Atravessamos a vila, passamos junto à Casa do Cabo, lindo palacete onde funciona o tribunal, que será em breve encerrado e dirigimo-nos para a estrada que sai em direcção a Carrazeda de Ansiães. Logo à saída, começa a descida e mais vinha em socalcos. Do lado direito, a Quinta de Cidrô e respectivo palácio. Serpenteando pelo meio das vinhas chegamos a um cruzamento. Seguindo em frente, a estrada desce até à Ferradosa, com direito a paisagens de sonho. Virando à esquerda, deparamos logo a 500 M com o santuário de S. Salvador do Mundo, com várias capelas alcandoradas no alto de uma montanha debruçada sobre o rio Douro e a barragem da Valeira. Paramos no parque de estacionamento, para rever a soberba paisagem já tantas vezes visionada mas sempre deslumbrante. A vista estende-se até quilómetros de distância. Em baixo, muito em baixo, a barragem e a respectiva albufeira; em frente, em precário equilíbrio no alto de uma montanha gémea daquela que pisamos, avistamos as casinhas de Campelos e de Carrapatosa; ao longe, na última curva do Douro, adivinhamos a estação de Alegria, na linha do Douro; e em frente, do outro lado, a estradinha estreita, sinuosa e com fortes declives que trepa pelas montanhas até ao alto do colosso que se ergue defronte de nós.
Barragem da Valeira |
Começamos a descida. Devagar, que a estrada é perigosa e as paisagens soberbas também o aconselham. Quando estamos quase a chegar à barragem, avistamos um comboio no outro lado do rio. Como sempre, tenho que o fotografar e acompanhá-lo até o perder de vista, quando entra no túnel da Valeira.
Linha do Douro - Antes do túnel da Valeira |
Atravessamos a barragem e entramos no distrito de Bragança, concelho de Carrazeda de Ansiães. Começa a subida, uma subida de se lhe tirar o chapéu! A estrada trepa com uma inclinação não anunciada, mas que estimo em alguns locais acima de 13%. Os cotovelos sucedem-se e o cruzamento com outros veículos faz-se saindo para a precária berma. O que vale é que poucos se aventuram por ali... Descê-la no Inverno, quando não tinha os rails de protecção é que era um pouco assustador! Depois de uma escalada sempre em 2ª velocidade, lá chegámos a Carrapatosa, onde a subida se suaviza e o rio nos abandona. A paisagem muda, agora com pequenas courelas cultivadas no meio de enormes penedos de granito, com o solo arenoso ocupado por milho, oliveiras e vinha, a omnipresente vinha. Depois de mais alguns quilómetros percorridos, chegamos a Linhares. Ainda antes de entrar nesta aldeia com atractivos muito peculiares, viramos à direita, num desvio que anuncia Marzagão e Seixo de Ansiães. Atravessamos Marzagão, depois Selores, onde existe um solar em ruínas e Seixo de Ansiães. Antes porém, desviamo-nos para visitar o castelo de Ansiães, que, como fica fora dos habituais circuitos turísticos, é pouco conhecido. Vale bem uma visita, no entanto. Ao contrário do que promete da estrada, é bastante grande, com um extenso perímetro de muralhas, algumas arruinadas, outras com sinais de obras de manutenção.
No interior, uma capela de razoável dimensão, em bom estado e com um pórtico muito interessante.
Apareceram entretanto quatro motards espanhóis a visitar o castelo, que tão poucos portugueses procuram...
Capela - Castelo de Ansiães |
Castelo de Ansiães |
A partir de Seixo de Ansiães, a estrada começa uma enorme descida, com forte declive, estreita, de novo, com curvas muito apertadas. Ao cabo de quase 10 Km e com os travões a gemerem de cansaço avistamos finalmente a meia dúzia de casas, algumas desabitadas, do lugar conhecido por Senhora da Ribeira.
Senhora da Ribeira |
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