No dia seguinte, sempre debaixo de chuva miúda, seguimos por Nóia e apanhámos uma nova via rápida para Santiago de Compostela. Estacionámos perto do centro e lá seguimos para a catedral, já várias vezes visitada, mas nunca dispensada. Está em obras, com uma torre rodeada de andaimes.
Nunca tinha visto a bela Praça do Obradoiro tão vazia!
Depois de percorridas demoradamente todas as imediações da catedral, nomeadamente as praças das Platerias e a de Quintana, internámo-nos no dédalo de ruelas estreitas, cheias de arcadas em pedra, e lojas, muitas lojas de tudo um pouco, com destaque para o artesanato.
Ao domingo, as cerimónias religiosas são constantes, o que impede as visitas sem restrições à catedral. Por isso, fomos almoçar numa das estreitas ruas e voltámos depois do almoço.
A catedral de Santiago não é das mais imponentes. A Espanha tem-nas em quantidade e bem mais ricas. Mas esta é especial por albergar as relíquias e os restos mortais de S. Tiago e por ser um dos principais centros mundiais do cristianismo. Feita a visita, regressámos à autocaravana e empreendemos o caminho de regresso. Desta vez dirigimo-nos a um parque já nosso velho conhecido, também em Porto de Son, o de Punta Batuda.
É um excelente parque, com uma vista fantástica, situado sobre o mar, na entrada da ria de Nóia. Havia uma promoção e os habituais preços de 25€ por noite, estavam a metade! E nós que dormíramos na noite anterior no parque de estacionamento de um restaurante por 20€! A noite foi tempestuosa. O vento em rajadas fortíssimas abanava a autocaravana, que era também fustigada pela chuva forte que caía em pesadas bátegas, enquanto se ouvia o mar mesmo em baixo a bramir contra as rochas. Pela manhã, tudo cinzento, céu fechado, nevoeiro e frio. As previsões indicavam o mesmo dos últimos dias. Na TV, viam-se imagens de enormes destruições provocadas pelo mar na Cantábria e País Basco, com casas e restaurantes desfeitos em montes de entulho. A ideia para este dia, era percorrer a estrada que segue sempre junto à costa, por Nóia, Muros, Cée e Fisterra, uma das estradas mais bonitas que conheço. Até Muros, o mar da ria de Nóia estava calmo, mas a partir de Muros, fora da protecção das rias, estava bravíssimo.
Casas construídas em locais piores que em Portugal, recebiam as ondas nas paredes e janelas.
Ao lado de locais idílicos em dias mais soalheiros.
Como o cabo Finisterra, local de enlevo e meditação, estava interdito devido ao temporal, resolvemos voltar para trás em Corcubión.
O anoitecer em Punta Batuda, apesar do céu carregado e da chuva miúda sempre presente, proporcionava-nos ainda assim, vistas soberbas da nossa janela itinerante.
No dia seguinte resolvemos regressar, mas em duas etapas. Há um parque recente no centro do Alto Minho que desejava conhecer. O parque de campismo de Aboim da Nóbrega, no concelho de Vila Verde. Assim, empreendemos o regresso, pela N-550, voltando a entrar na fronteira de Valença, com a chuva sempre por companhia. Prosseguimos por Monção e Arcos de Valdevez, onde parámos junto ao rio Vez, bem aconchegado pelas chuvas de tantos dias e ali procurámos o almoço.
Preparava-se o corso carnavalesco, mesmo com chuva e algum frio, naquele que se ouvia apregoar como o melhor carnaval do Minho. E arredores, acrescentaria eu!
Passavam mascarados e carros alegóricos, enquanto saboreávamos uns nacos de vitela. Ao lado, o rio Vez corria célere, naquele dia de Entrudo. Acabámos o repasto e, para fugir ao barulho infernal debitado pelas inúmeras colunas gigantescas espalhadas um pouco por toda a avenida, apesar da chuva persistente, fugimos de Arcos, a caminho de Ponte da Barca e Vila Verde.
O parque de Aboim da Nóbrega é bom para quem gosta de sossego e isolamento. Situado num ponto alto, tem 10 lugares para caravanas e autocaravanas e 2 apartamentos para aluguer. Nas imediações há vários circuitos pedestres sinalizados. Aqui está um parque que coloca o Fraga Balada espanhol a milhas e a metade do preço! Como era véspera de chegarmos a casa, a chuva estava a passar, mas o frio marcava presença naquele ponto alto e desabrigado.
Observando as imediações em Aboim da Nóbrega |
Este é um parque a regressar, com mais tempo e clima mais propício.
O regresso fez-se sem história, pela A-3 até ao Porto, almoço nos Carvalhos e IC-2 até Leiria.
Apesar de muita chuva e algum frio, foi um óptimo "fim de semana" de 5 dias, depois de uma clausura de 2 meses... A autocaravana rejubilava de contentamento por essas estradas fora. E já reivindica novas aventuras!
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