quinta-feira, 13 de março de 2014

CARNAVAL GALEGO

    Depois de 3 meses de chuva quase ininterrupta, que, aliada aos dias pequenos, me tiraram a vontade de sair, o Carnaval deparou-se-me como a oportunidade de quebrar o jejum. A autocaravana já protestava de impaciência na garagem. Resolvi assim partir por 5 dias para as Rias Baixas, na Galiza, região de que gosto muito. Decisão tomada apesar das previsões meteorológicas que prenunciavam muita chuva, vento e mar muito agitado. Saímos no sábado, dia 1 de Março, debaixo de chuva. Tomámos a A-8, A-17 até Aveiro e depois a A-1 e a A-3 até Valença. Almoço na área de serviço de Barcelos, sob dilúvio. A travessia de Pontevedra, habitualmente fácil, desta vez revelou-se mais problemática, dadas as alterações que os espanhóis gostam tanto de fazer como os portugueses. Depois de umas voltas por ruas estreitas, lá saímos para a N 550, até Padrón, onde apanhámos a via rápida VRG 11, para Ribera. A chuva não parava de cair, agora acompanhada de nevoeiro. O destino era o parque de Fraga Balada, perto de Porto de Son. Chegámos pelas 17,30 locais. O portão do parque estava fechado e não se via ninguém. No restaurante ao lado, pertencente aos mesmos donos, informaram-nos que não se podia entrar no parque, pois os acessos inteiramente em terra batida, estavam impraticáveis, como já tínhamos reparado. No entanto, podíamos ficar no parque de estacionamento do restaurante... As casas de banho, afinal, também estavam inacessíveis e a ligação eléctrica só foi disponibilizada através de uma extensão, já a noite havia caído há muito. A dona, cedeu-nos então a casa de banho de um quarto da residencial, para podermos utilizar. Por uma noite neste serviço improvisado, cobraram-nos 20,50€!
     No dia seguinte, sempre debaixo de chuva miúda, seguimos por Nóia e apanhámos uma nova via rápida para Santiago de Compostela. Estacionámos perto do centro e lá seguimos para a catedral, já várias vezes visitada, mas nunca dispensada. Está em obras, com uma torre rodeada de andaimes.



Nunca tinha visto a bela Praça do Obradoiro tão vazia!












Depois de percorridas demoradamente todas as imediações da catedral, nomeadamente as praças das Platerias e a de Quintana, internámo-nos no dédalo de ruelas estreitas, cheias de arcadas em pedra, e lojas, muitas lojas de tudo um pouco, com destaque para o artesanato.







Ao domingo, as cerimónias religiosas são constantes, o que impede as visitas sem restrições à catedral. Por isso, fomos almoçar numa das estreitas ruas e voltámos depois do almoço.









A catedral de Santiago não é das mais imponentes. A Espanha tem-nas em quantidade e bem mais ricas. Mas esta é especial por albergar as relíquias e os restos mortais de S. Tiago e por ser um dos principais centros mundiais do cristianismo. Feita a visita, regressámos à autocaravana e empreendemos o caminho de regresso. Desta vez dirigimo-nos a um parque já nosso velho conhecido, também em Porto de Son, o de Punta Batuda.


É um excelente parque, com uma vista fantástica, situado sobre o mar, na entrada da ria de Nóia. Havia uma promoção e os habituais preços de 25€ por noite, estavam a metade! E nós que dormíramos na noite anterior no parque de estacionamento de um restaurante por 20€! A noite foi tempestuosa. O vento em rajadas fortíssimas abanava a autocaravana, que era também fustigada pela chuva forte que caía em pesadas bátegas, enquanto se ouvia o mar mesmo em baixo a bramir contra as rochas. Pela manhã, tudo cinzento, céu fechado, nevoeiro e frio. As previsões indicavam o mesmo dos últimos dias. Na TV, viam-se imagens de enormes destruições provocadas pelo mar na Cantábria e País Basco, com casas e restaurantes desfeitos em montes de entulho. A ideia para este dia, era percorrer a estrada que segue sempre junto à costa, por Nóia, Muros, Cée e Fisterra, uma das estradas mais bonitas que conheço. Até Muros, o mar da ria de Nóia estava calmo, mas a partir de Muros, fora da protecção das rias, estava bravíssimo.



Casas construídas em locais piores que em Portugal, recebiam as ondas nas paredes e janelas.








Ao lado de locais idílicos em dias mais soalheiros.

Como o cabo Finisterra, local de enlevo e meditação, estava interdito devido ao temporal, resolvemos voltar para trás em Corcubión.







O anoitecer em Punta Batuda, apesar do céu carregado e da chuva miúda sempre presente, proporcionava-nos ainda assim, vistas soberbas da nossa janela itinerante.

No dia seguinte resolvemos regressar, mas em duas etapas. Há um parque recente no centro do Alto Minho que desejava conhecer. O parque de campismo de Aboim da Nóbrega, no concelho de Vila Verde. Assim, empreendemos o regresso, pela N-550, voltando a entrar na fronteira de Valença, com a chuva sempre por companhia. Prosseguimos por Monção e Arcos de Valdevez, onde parámos junto ao rio Vez, bem aconchegado pelas chuvas de tantos dias e ali procurámos o almoço.


Preparava-se o corso carnavalesco, mesmo com chuva e algum frio, naquele que se ouvia apregoar como o melhor carnaval do Minho. E arredores, acrescentaria eu!












Passavam mascarados e carros alegóricos, enquanto saboreávamos uns nacos de vitela. Ao lado, o rio Vez corria célere, naquele dia de Entrudo. Acabámos o repasto e, para fugir ao barulho infernal debitado pelas inúmeras colunas gigantescas espalhadas um pouco por toda a avenida, apesar da chuva persistente, fugimos de Arcos, a caminho de Ponte da Barca e Vila Verde.




O parque de Aboim da Nóbrega é bom para quem gosta de sossego e isolamento. Situado num ponto alto, tem 10 lugares para caravanas e autocaravanas e 2 apartamentos para aluguer. Nas imediações há vários circuitos pedestres sinalizados. Aqui está um parque que coloca o Fraga Balada espanhol a milhas e a metade do preço! Como era véspera de chegarmos a casa, a chuva estava a passar, mas o frio marcava presença naquele ponto alto e desabrigado.

Observando as imediações em Aboim da Nóbrega



Este é um parque a regressar, com mais tempo e clima mais propício.

O regresso fez-se sem história, pela A-3 até ao Porto, almoço nos Carvalhos e IC-2 até Leiria.

Apesar de muita chuva e algum frio, foi um óptimo "fim de semana" de 5 dias, depois de uma clausura de 2 meses... A autocaravana rejubilava de contentamento por essas estradas fora. E já reivindica novas aventuras!

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