terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

CARNAVAL 2012 - 4

Rabaçal às 8,30 H
Rio Rabaçal em degelo
Eclusa da barragem do Pocinho
       Terça feira, dia 21, dia de Entrudo. O dia amanheceu gelado, por ali. O rio Rabaçal, parcialmente solidificado, corria apenas num fio, ao centro. Água nos sanitários não havia, gelada nos canos. O melhor era esperar, com o aquecimento ligado, pois a estrada também não devia estar nas melhores condições de segurança. Barrete enfiado (literalmente), lá fui fotografar o que achei que merecia, embora a máquina também protestasse contra o frio. Com as antigas, de rolo, não me lembro de quaisquer protestos em quaisquer condições... Até as máquinas já são piegas... O único sinal de vida era dado por alguns pássaros madrugadores saltitando de galho em galho, talvez para se aquecerem. Depois de a água descongelar nos canos e de tomado o pequeno almoço, arrancámos para Torre de D. Chama, pela N 206 e aí virámos para sul, até Vilares, Vilarinho do Monte, que faz jus ao nome com uma subida de se lhe tirar o chapéu, estrada municipal que passando debaixo do IP-4, vai desembocar em Macedo de Cavaleiros. A cidade estava a acordar, tiritando de frio. Aqui dentro também é preciso adivinhar onde virar para apanhar a N 216 com destino a Mogadouro. E com as inevitáveis obras que há em todo o lado, a baralhar-nos a memória... Lá nos socorremos da menina do GPS, desta vez sem nenhuma partida. Encontrado o rumo certo, passámos Chacim, onde um grupo de foliões mascarado de um pelotão do exército nos mandou parar para verificação de documentos. Como tudo estava em ordem, pudemos prosseguir pela estrada quase deserta, atravessando a ponte sobre o Sabor e depois atacando a interminável subida até Mogadouro. Aqui chegados, eram horas de almoço. Há nesta vila um restaurante que muitos reputam de disputar o primeiro lugar em Trás-os-Montes, a Lareira. Tem uma posta mirandesa divinal. Desta vez porém, optámos por comprar comida já pronta e fazer a refeição mais rapidamente na autocaravana, junto do parque de campismo, encerrado nesta época. Logo após, prosseguimos pela N 221, por Lagoaça, onde existe uma estação de caminho de ferro da antiga linha do Sabor, recuperada e transformada numa pequena estalagem com restaurante. Seguimos por Carviçais, terra do célebre restaurante "O Artur", Carvalhal, local onde existiam as minas de ferro de Moncorvo que dizem ir ser reactivadas, e Torre de Moncorvo. Aqui fomos até à área de serviço para autocaravanas despejar águas sabonetadas. Descemos depois pela estrada que serpenteia pela montanha já a ver-se a barragem do Pocinho lá ao fundo e finalmente lá chegámos. Continuámos pela estrada antiga (N 102) que passa dentro de V N de Foz Côa. Não se via grande movimento, ao contrário de anos anteriores neste mesmo dia. Prosseguimos até Longroiva, onde virámos para pernoitar de novo em Meda. No dia seguinte era tempo de regresso. Passámos pela barragem de Ranhados, quase vazia, que abastece Meda, a caminho de Penedono e seu belo castelo roqueiro. Continuámos por Sernancelhe, pequena vila sem grandes atractivos, Aguiar da Beira, que no chamado largo dos monumentos concentra a maioria dos seus motivos de interesse, com o pelourinho, a torre do relógio, a Fonte Ameada, a casa dos magistrados e os paços do concelho. Passámos Sátão sem parar e pouco depois entrávamos em Viseu. Estacionámos no largo da feira de S. Mateus e embrenhámo-nos pelas ruelas estreitas da parte velha da cidade, com o seu comércio antigo onde se vende de tudo. Ali almoçámos numa tasca, "O Gonçalinho", uma entre tantas onde se come bem por módicos preços, não sem antes entrarmos na velha e imponente sé, ao lado do museu Grão Vasco. Horas de nos aproximarmos de casa, pela velha N 16. Parámos nas termas de S. Pedro do Sul, para nova descarga de águas na respectiva área de serviço e continuámos por Vouzela, Oliveira de Frades, até Albergaria-a-Velha, onde entrámos na N 1 até Leiria. Sem mais que contar, chegámos a Peniche e assim passámos mais um Carnaval, desta vez sem chuva mas com muito frio. Contas feitas, fizémos 1000 Km. Até à próxima...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CARNAVAL 2012 - 3

Parque biológico de Vila Flor
Parque biológico de Vila Flor
Parque de campismo de Valpaços
Ponte romana sobre o Rabaçal
        O parque de campismo de Vila Flor é um dos meus parques de referência e que me traz gratas recordações de juventude. É grande, muito arborizado, mas tem vindo a degradar-se de há uns anos para cá. Os blocos sanitários carecem urgentemente de manutenção, e quanto a segurança... Já são várias vezes que o visito nos últimos três anos, entro num dia saio no outro e não encontrei ninguém na recepção. O portão está sempre aberto, portanto é um parque em self-service... Antes de nos irmos embora, fomos dar a volta à barragem do Peneireiro, mesmo por cima do parque. É confrangedor olhá-la! O nível da água está igual ao final de Agosto! Fomos em seguida visitar o parque biológico também ali ao lado, com várias espécies animais, entre elas diversas aves e mamíferos. Seguimos então rumo a Mirandela, paragem incontornável quando andamos por estas bandas. Esta é uma das cidades onde nos abastecemos de azeite e de produtos de fumeiro. Antes, ainda parámos no Cachão, para uma olhadela à estação de caminho de ferro. Ainda sai daqui até Mirandela aquela "caranguejola" esverdeada que substituiu o comboio há uns anos e que foi protagonista dos acidentes que serviram de pretexto ao encerramento da linha. Seguimos depois para Mirandela, onde estacionámos em frente à antiga estação, edifício imponente e agora em ruínas, imagem alegórica do país... Cirandámos pelas ruas da cidade, que é muito bonita. Lojas antiquíssimas convivem lado a lado com modernos pronto-a-vestir, a rua principal cheia de estabelecimentos de venda de produtos "gourmet", recheados de coisas deliciosas! As montras prendem o nosso olhar que avalia alheiras, chouriços, salpicões, farinheiras, morcelas, presuntos, vinhos, azeites, mel, pão, azeitonas, uff! Torna-se inevitável entrar e comprar! Saímos, as mãos cheias de sacos pesados e a carteira mais leve, para tentar arrumar tudo no frigorífico da autocaravana. O cheirinho exalado por aquela parafernália de iguarias, abriu-nos inevitavelmente o apetite, empurrando-nos de novo para a avenida junto ao Tua à procura de poiso para acalmar o estômago. Uma placa junto à porta de um pequeno restaurante sem grande aparência, chamou-nos a atenção e entrámos. Tivemos que provar uma bela alheira acompanhada de um arroz de feijão, regado com um vinho tinto da zona, uma sopa divinal, rematada por um leite creme e um café, tudo por 12€ para dois! Ainda há lugares assim!  Satisfeitos, arrancámos a caminho de Valpaços, pela N 213. O parque fica na margem direita do rio Rabaçal, a meia dúzia de quilómetros da cidade, um pouco depois de Possacos. Lá chegámos pouco depois das quatro horas, com um tempo primaveril. Parque completamente deserto nesta época do ano, mesmo os seis bungalows, todos desocupados. O local é muito agradável, mas sem vivalma por perto. Após o anoitecer, são raros os carros que passam na estrada. O silêncio só é quebrado pelo murmúrio contínuo do rio a saltar o desnível do açude construído em frente, para a praia fluvial. Nem rede de telemóvel existe, o que acentua ainda mais a sensação de isolamento total. Com este ambiente de aventura e um frio gélido a cair sobre o vale, entregámo-nos nos braços de Morfeu...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

CARNAVAL 2012 - 2

Barragem da Valeira
Barragem do Peneireiro-Vila Flor
              Dia 19, domingo gordo. Por experiência acumulada em anos anteriores, este é um dia em que se deve evitar almoçar em restaurantes na zona. A não ser que se tenha paciência para estar em filas à espera de lugar, o que não é o meu caso. Levantámo-nos cedo como habitualmente, com um sol radioso. Partimos rumo a S. João da Pesqueira, depois de uma visita ao Intermarché de Meda que só abre às 10 horas. Com o tempo que tem feito, nestas zonas não convém ir para a estrada demasiado cedo, por causa do risco acrescido de haver gelo em algumas curvas e zonas mais sombrias. Chegados a S. João da Pesqueira, virámos para a direita, no sentido de Carrazeda de Ansiães. Logo que se sai da vila, ficamos rodeados de vinhedos de ambos os lados, pertença da Quinta de Cidrô. Um pouco mais à frente, as capelas do santuário de S. Salvador do Mundo, um dos miradouros privilegiados do Douro. Mesmo por baixo, bem lá no fundo, a barragem da Valeira. Do outro lado, em frente, uma imensa mole de rocha granítica a perder de vista, com o tom esbranquiçado de uma pequena aldeia empoleirada no alto de um gigantesco penhasco, Campelos. Uma estreita fita asfaltada trepa serpenteando a pique em sucessivos cotovelos, desde a barragem até ao cimo da montanha. O Douro estende-se, caudal diminuído depois da barragem, ladeado pela linha ferroviária, com o apeadeiro de Alegria mesmo no limite visual. Paisagem grandiosa que nos prende sempre por largos minutos, mesmo depois de anos a fio a contemplá-la. Começámos a descida, devagar, que este percurso não é para brincadeiras. Uma vez chegados ao paredão, ali estacionámos aproveitando para almoçar, no silêncio apenas interrompido pelo passar de alguns raros automóveis. Terminado este, iniciámos a longa e penosa subida que exige denodado esforço da autocaravana que felizmente é a única presença naquela estreita estrada, onde pouco mais cabe que um carro em certos trechos. Finalmente chegámos ao cimo da montanha e depois de alguns quilómetros em terrenos mais planos, chegámos a Linhares de Ansiães, pitoresca aldeia, onde parámos para um café. Trocados dois dedos de conversa com o proprietário, sobre o tempo, as culturas, a falta de chuva, esgrimiram-se argumentos sobre a construção da nova barragem na foz do Tua. Pouco depois, chegávamos a Parambos, onde tínhamos combinado uma visita a amigos ali residentes. A tarde avançava rapidamente e tivémos que partir de novo, a caminho do local de pernoita, Vila Flor. Ali chegados, deparámos com as eternas obras que mantêm Portugal num permanente estaleiro. A estrada de acesso ao parque que já conhecemos desde a sua abertura, interrompida sem qualquer sinalização alternativa. Depois de muitas perguntas, voltas, inversões de marcha, estreia das inevitáveis e imensas rotundas, lá chegámos finalmente ao parque de campismo da barragem do Peneireiro.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

CARNAVAL 2012 - 1

      Costumo dedicar sempre os dias de Carnaval ao espectáculo todos os anos renovado, das amendoeiras em flor. Este ano, apesar de saber antecipadamente que, devido ao intenso frio seco que se tem feito sentir, a floração está muito atrasada, resolvi não faltar à chamada e lá fui. O itinerário foi desenhado para cinco dias, a começar no sábado, dia 18 de Fevereiro e a acabar a 22.
Amendoeiras em flor 2011
Castelo de Longroiva
      Como habitualmente, a primeira paragem foi no Intermarché de Óbidos, para abastecimentos. Utilizámos a A-8 até à Marinha Grande, apanhando depois o IC-2, de Leiria até Coimbra. A partir daqui seguimos pela velhinha mas muito apreciada Nº 17, minha companheira de muitos anos, dos tempos em que o nosso país era pobre e os únicos quilómetros de autoestrada existentes eram de Lisboa a Condeixa-a-Nova e de Albergaria ao Porto. É uma estrada muito bonita, conhecida por "estrada da Beira", por ser uma das principais vias de penetração do litoral para o interior beirão, antes do advento das autoestradas. Os primeiros quilómetros têm quase sempre por companhia o rio Ceira, desde Coimbra até ao cruzamento para Foz de Arouce e Lousã. Muitas curvas, é um percurso para se fazer devagar, ideal para quem não tem pressas. Paragem no parque de merendas do Senhor das Almas, às portas de Oliveira do Hospital, para almoço.  Depois do obrigatório cafézinho no bar ali ao lado, prosseguimos até Celorico da Beira. A partir daqui já existe o IP-2 renovado, com excelente piso, duas faixas de rodagem em boa parte do percurso, mas optei pela estrada antiga, a Nº 102, onde posso parar quando e onde quero, onde há as minhas velhas conhecidas fontes, embora quase todas secas, pela falta de água, mas sobretudo pela incúria, onde existem povoações que atravesso sempre com interesse. Passámos Marialva, desta vez sem parar e logo de seguida virámos à esquerda para Longroiva. A estância termal aqui existente foi toda renovada há pouco tempo e reequipada com um novo balneário, ginásio e todos os modernos tratamentos de saúde e bem estar actualmente existentes. Longroiva tem um castelo de pequena dimensão, que fazia parte da linha defensiva do Côa, actualmente aproveitado para cemitério da aldeia. Daqui a Meda, a sede de concelho, são cinco quilómetros, que fazemos rapidamente para chegar ao parque de campismo antes das 17,30 H, hora de encerramento no Inverno. É um parque recente, muito acolhedor, dentro da cidade mas sossegado e não é caro. É um dos nossos eleitos, como base de apoio para as muitas surtidas ao Douro que fazemos durante o ano. Ali pernoitámos no primeiro dia.