Na segunda semana de Maio decidi ir apanhar o ar puro do Gerês, aproveitando a previsão de alguma melhoria do tempo prevista para essa semana. E lá fui no domingo, dia 5, por Coimbra, IP-3 até Viseu, entrei na A-24 para não ter que contornar as 23 rotundas dentro da cidade para quem sai para Norte, e saí na rotunda de Viseu Norte, para não pagar portagens na A-24. A partir daí segui na N 2, que antigamente estava vazia e agora parece que recuou 15 anos, cheia de trânsito... Paragem na ermida da Srª da Orada, depois de Castro D'Aire, para almoço e pouco depois estava em Lamego, destino para o 1º dia. Abriu aqui recentemente um parque de autocaravanas, logo à entrada da cidade, junto às caves Raposeira e decidi experimentá-lo. O local era anteriormente uma quinta, com uma estalagem agora em ruínas. O recinto exterior foi aproveitado, construídas casas de banho e lavabos e está rentabilizado o espaço.
Tem algumas árvores de grande porte e um caramanchão com uma excelente vista sobre a cidade, onde se pode descansar em sossego. Tem Wifi, de qualidade sofrível, pois cai com frequência e os preços estão um pouco inflacionados para a oferta, na minha opinião, mas os estrangeiros já o procuram com regularidade.
O dia seguinte estava reservado para o comboio da linha do Douro. Saí cedo, rumo à Régua, pela A-24. Lamego não foge à regra do caos em ano de eleições autárquicas. Os pisos da praça central estão todos levantados, há pedras e pó por todo o lado, desvios, taipais, máquinas, um inferno! Cheguei muito cedo à Régua e ainda tive tempo para percorrer a ponte velha agora aproveitada como travessia pedonal.
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Ponte pedonal - Régua |
Por baixo passava um navio de cruzeiro, para acostar mais à frente.
Em baixo, mesmo junto ao Douro está em fase de acabamento uma área de serviço para autocaravanas, zona onde também existem muitos lugares para estacionar outras viaturas.
Eram horas de comprar o bilhete de comboio. Desta vez o objectivo era seguir para Oeste, para o lado do Porto, ao contrário do que é habitual em mim. A linha segue sempre à beira do rio até ao apeadeiro de Pála. Era pois até aqui que eu queria ir, para apreciar as belas paisagens ribeirinhas e passar em cima do mais alto viaduto ferroviário português, precisamente o de Pála. O dia estava cinzento. O comboio desfilava por Caldas de Moledo, onde a Ferreirinha se banhava nas termas e agora está ao abandono, Rede, onde desembarcou o Primo Basílio, do romance de Eça, vindo de França, quando esta linha ia até Salamanca, Caldas de Aregos com as suas termas recuperadas do lado oposto do rio.
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Caldas de Aregos vistas do comboio. |
Pouco depois, Mosteirô e a sua bela ponte, o Hotel Porto Antigo onde fico quando preciso de me mimar e o lago formado pela albufeira da barragem de Carrapatelo. Entramos num local de rara beleza.
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Porto Manso e mais à frente, Pála. |
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Em baixo, a localidade de Porto Manso e os dois viadutos altíssimos, atravessados os quais, chegamos ao apeadeiro de Pála, onde saio.
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Vista do comboio de cima do viaduto de Pála |
Tinha um quarto de hora até chegar o comboio de regresso à Régua, tempo que aproveitei para fotografias e para deliciar a vista com tão belas paisagens.
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Hotel Porto Antigo e foz do rio Bestança |
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À espera do Primo Basílio?... |
Há sempre barcos a subir e a descer o rio, apesar de ainda estarmos no início de Maio.
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Antigo rabelo, descendo o Douro. |
Passava pouco do meio dia quando chegámos de novo à Régua. Tempo ainda para uma volta pela antiga artéria comercial e depois pelo caminho pedonal à beira rio, que segue até à base das pontes. Lá estava a autocaravana à espera. Segui pela estrada que acompanhava o troço inicial da linha do Corgo e que ladeia a linha do Douro e o rio, até à barragem de Bagaúste. Depois pela linda estrada que vai para o Pinhão. A meio, o almoço, interrompido de quando em quando pela passagem de barcos ou comboios.
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O Fernão de Magalhães entre o Pinhão e a Régua |
Prossegui pela estrada que sobe até Tabuaço. Os vinhedos cobrem todas as encostas visíveis. Pouco depois desta vila, há uns penhascos altíssimos, com uma enorme escadaria em madeira que trepa até ao cimo. Já noutra ocasião subi até ao topo, de onde se obtém uma vista compensadora para tanto esforço. Chego a Moimenta da Beira e viro à direita, para Tarouca. Aqui chegado, há um desvio para Ucanha e Salzedas, que tomo. Em Ucanha existe uma curiosa ponte, com uma torre incorporada para cobrança de portagem. Por baixo, corre o rio Varosa.
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Ponte e torre de Ucanha. |
Ainda se pesca neste rio e ainda há moinhos de água, recuperados, junto à ponte.
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Ponte de Ucanha e moinho de água. |
Seguindo a estreita estrada municipal cheia de curvas, pouco depois entro em Salzedas, dominada pelo grande mosteiro cisterciense.
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Mosteiro de Salzedas |
De volta, já era tarde para visitar o belo mosteiro de S. João de Tarouca, onde já não vou há uns anos. Ficará para uma próxima viagem por estas bandas. Pouco depois, entrava em Lamego e suas obras, para mais uma noite.