Saímos no sábado, dia 20, rumo ao norte, pelo IC-2 até Oliveira de Azeméis, onde almoçámos, junto ao parque de La Sallete, ponto alto que domina toda a cidade. Verificámos com pena o encerramento definitivo de mais um parque de campismo, precisamente o de La Sallete. Prosseguimos por Vale de Cambra e Arouca. Antes de alcançada esta bonita vila, como ainda era cedo, decidimos embrenhar-nos na serra da Freita, para observarmos o efeito de um Inverno rigoroso sobre a cascata da Frecha da Misarela. O "véu da noiva" estava lindo, como sempre, e de facto a água caía copiosamente.
Trata-se de uma das mais altas quedas de água da Europa, com cerca de 75 metros de altura, inserida num cenário de grande beleza paisagística. As águas do rio Caima, aqui ainda puras, frescas e límpidas, depois de alimentarem ervas tenras que crescem à beira do seu curso aproveitado para praia fluvial muito concorrida no Verão, tanto por pessoas, como por belas vacas arouquesas, precipita-se de um rochedo granítico, indo cair estrondosamente muito mais abaixo.
Frecha da Misarela |
Rio Caima, antes da Frecha da Misarela |
Visitado este local bucólico, surpreendentemente deserto, excepto uns jovens que ali estavam acampados, regressámos por Albergaria das Cabras (eu continuo a chamar-lhe assim, embora "oficialmente" agora se chame Albergaria da Serra), típica aldeia de montanha, Meruge e voltámos à estrada para Arouca, onde chegámos pouco depois. Para seguir para Castelo de Paiva, não é necessário entrar em Arouca, há uma rotunda antes da entrada, mas a placa sinalizadora, bem à portuguesa, só é visível por quem vem do centro da vila... Assim, entrámos em Arouca, demos-lhe bem a volta e depois voltámos para trás até à rotunda e assim já vimos a placa...
A estrada até Castelo de Paiva é um autêntico calvário de curvas apertadas, estreita, extensa e de paisagem monótona, sempre de eucaliptos. Depois de muito virar e revirar, lá chegámos finalmente a esta vila já bem perto do Douro. Sem parar, prosseguimos pela estrada que acompanha o rio, muito bonita, embora com muitas curvas e que segue para Cinfães. Antes porém, resolvemos fazer um pequeno desvio para visitar a barragem de Carrapatelo.
Barragem do Carrapatelo |
Pouco depois passámos Cinfães e volvidos mais uns quilómetros chegávamos ao nosso destino, Porto Antigo e seu hotel debruçado sobre o Douro, no local onde o rio Bestança desagua e ao lado da linda ponte de Mosteirô, que transpõe o Douro que aqui se alarga para dar lugar à albufeira de Carrapatelo. É um local paradisíaco, com uma paisagem grandiosa que nunca cansa os olhos. O hotel foi adaptado da residência do explorador africano Serpa Pinto e é um dos que recomendaria a alguém que procurasse um recanto para um fim de semana romântico, com uma das melhores vistas de Portugal, uma excelente gastronomia e um serviço de primeira qualidade. As equipas das selecções nacionais de canoagem e de remo de vários países europeus que aqui estagiam anualmente, já o descobriram...
Ancoradouro do hotel e ponte de Mosteirô |
Entrada para o hotel de Porto Antigo |
Reúne alguns dos principais condimentos que elejo quando assumo a condição de viandante: fica literalmente "em cima" do Douro, tem excelente gastronomia, é um ponto estratégico para ver passar os barcos de turismo de todos os tamanhos e tipos e... tem a linha do Douro mesmo em frente! Que mais poderia pedir? Apetece ali ficar a ver correr os dias; sentado na esplanada a tomar um aperitivo ao final da tarde, sentido o imperceptível balouçar da estrutura que flutua no rio, vendo as cores a mudar no horizonte, esperando que nos sirvam o jantar que se pode prolongar depois ao sabor dos caprichos da meteorologia. Os únicos ruídos são os de um ou outro carro que passam na estrada e na ponte, os comboios que com alguma frequência passam em frente e os saltos e mergulhos dos peixes no rio.
Vista da varanda do quarto |
Pála - ao fundo o hotel de Porto Antigo |
Vagarosamente, regressámos para parar em frente do viaduto de Pála, à espera que o comboio aparecesse...
Viaduto de Pála |
E lá apareceu...
Cais de Porto Antigo |
A temperatura depois do sol se esconder não aconselhava o jantar na esplanada, por isso optámos pela ampla sala de jantar, toda rodeada de enormes vidraças, para nem ali se perder a soberba vista sobre o Douro.
Crepúsculo em Porto Antigo |
Já anoitecera entretanto e a paisagem modificara-se, mas não perdera qualidade. Com todas as quintas ribeirinhas iluminadas profusamente e a ponte cheia de luzes que lhe emprestavam um simulacro de incêndio, o espectáculo continuava.
Ancoradouro do hotel e ponte de Mosteirô. |
No dia seguinte pela manhã, nem apetecia sair da varanda do quarto que nos oferecia tão linda vista, com a vastidão do rio banhado pelo sol.
À varanda do quarto |
Depois de mais um festim gastronómico, preparámo-nos para partir, pois tudo tem um fim, especialmente o que é bom. Fomos ainda até meio do tabuleiro da ponte e depois de mais umas fotos, relutantemente partimos, não sem antes termos registado ainda a passagem de um último comboio sobre o viaduto da Pála...
Ainda um último comboio... |
Cascata dentro de uma quinta no Douro |
Tiradas as fotografias, regressámos a Porto Antigo, agora para prosseguir na estrada que segue para Resende, sempre junto ao Douro
Logo a seguir, um dos barcos da Douro Azul, a caminho da Régua.
Acompanhámo-lo durante algum tempo, enquanto apreciávamos os imensos pomares de cerejeiras, com muitas ainda em flôr, prometendo saborosos e carnudos frutos daqui a 2 meses! E pouco depois, avistávamos a Régua, ao longe.
Régua, vista de Samodães |
Continuámos pela bonita estrada que acompanha o rio Vouga e a antiga linha férrea do Vouguinha e que vai acabar em Albergaria a Velha. E depois, o costumado percurso pelo IC-2, por Coimbra, Leiria e Peniche.
Mais um fim de semana de sonho, mas bastante real, com tudo perfeito. Até ao próximo!
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