segunda-feira, 6 de outubro de 2014

VALE DE AOSTA 2014 - 15 REGRESSO

9/8

Era finalmente dia de regressar. Saímos de Lourdes, mas tomámos uma estrada que não queríamos e perdemos cerca de uma hora até à pretendida. Passada Oloron-Ste-Marie, tomámos a D-919 por Aramits e depois a D-132 a partir de Arette, que sobe acentuadamente por curvas e contracurvas até à fronteira com Espanha, no Col de la Pierre St-Martin. Era o nosso último Col.
Fronteira França-Espanha em Col de la Pierre St.Martin
De novo o sinal do ponto mais alto, estava tomado pelos ciclistas e suas fotografias infindáveis. Atravessámos a deliciosa aldeia Isaba e pouco depois parámos numas mesas onde já piquenicava um simpático casal francês. Descemos depois pelo bonito Vale de Roncal até à barragem de Yesa. Evitámos atravessar Pamplona, porque não gosto do sistema confuso das suas estradas e continuámos pela A-12 por Logroño, Burgos e o nosso habitual poiso de pernoita na A-62, o Hotel Rio Cabia. Noite de sábado para domingo, em Agosto, é claro que o hotel estava cheio de emigrantes, portugueses e marroquinos, principalmente. Mais uma noite sem dormir, com a gritaria e a falta de respeito já habituais.
  No domingo fizemos o caminho de regresso já conhecido de cor, por Valladolid, Salamanca, com a estrada cheia de automóveis quase todos de portugueses emigrantes. As matrículas espanholas eram raras. Vilar Formoso, Guarda para almoço, e a meio da tarde estávamos em casa.
   Foi uma das melhores viagens que fizemos até agora, nós que já temos tantas centenas de milhar de quilómetros a rolar por essas estradas fora. Correu tudo muito bem, sem percalços, com o itinerário previamente feito, cumprido escrupulosamente. A única má surpresa foram os "bouchons" na zona de Montpellier, no regresso de Itália para os Pirenéus franceses. Mas até esse pormenor, depois de ultrapassado, se tornou hilariante.
   Percorremos 6183 Km em 21 dias de viagem, elegendo percursos onde predominam as montanhas, florestas, rios, lagos e aldeias típicas perdidas. Talvez um dia voltemos.

domingo, 21 de setembro de 2014

VALE DE AOSTA 2014 - 14 PONT d'ESPAGNE

8/8

Este era o último dia de estadia em França. Escolhemo-lo para ir até Pont d'Espagne, no Val de Jeret, a partir da pequena cidade de Cauterets. Como de costume, seguimos para sul, por Argelès-Gazost e depois no sentido de Cauterets. A partir desta cidade, a paisagem é espectacular, com cascatas a aparecer a cada curva, pelo meio da vegetação, a cair das montanhas.
A estrada acaba num enorme parque de estacionamento, que serve as pessoas que querem tomar o teleférico que segue para o Lac de Gaube, ou as que preferem seguir a pé pelo trilho GR 10 que por aqui passa. A 5.50€ cada veículo ligeiro, é mais uma "mina" a céu aberto... A seguir ao estacionamento, depois de uma pequena subida, deparamos com um local paradisíaco, com várias pontes, inúmeras

cascatas que saltam vertiginosamente sobre rochedos, provocando um constante estrondo.
É a Pont d'Espagne.









Pont d'Espagne
A partir daqui, começa um trilho muito íngreme,


a princípio com uns degraus toscos, que logo se transformam em pedra solta











de variadas dimensões.












Árvores centenárias agarram-se à terra pisada por milhares de pés, através de raízes que se estendem em redor.










Suamos abundantemente, embora o calor não seja excessivo. Há muita gente neste trilho, a maioria a subir, por ser ainda manhã. Do outro lado do rio já se avistam as pessoas que seguem por outro trilho, mais plano, depois de saírem do teleférico que lhes poupou boa parte do caminho. Por fim, após 1,30h e quando já calculava nas pernas uns 2 ou 3 Km de extenuante subida, apareceu o Lac de Gaube, enquadrado numa majestosa paisagem!



Lac de Gaube
Prémio bem merecido!

Nas margens do lago havia bastante gente a fazer o seu piquenique e nós fizemos o mesmo, pois eram horas de almoço e a fome apertava, depois daquele esforço.









O lago é alimentado pelo degelo das encostas das montanhas que o rodeiam e tem uma saída que vai abastecer as cascatas que seguem por aqui abaixo, por Pont d'Espagne e Cauterets. O GR-10 segue pelas margens e continua pelo vale glaciar, subindo pelas montanhas que se avistam ao longe, até à longínqua Gavarnie! Passeios com vistas sublimes!





Começámos a descer para o regresso. Havia agora mais gente a subir e o calor fazia-se sentir com maior acutilância.










Calor e esforço provocam sede, que ali é facilmente dominada em regatos de água fresca e cristalina.









Pausa para descanso

Finalmente, chegada de novo a Pont d'Espagne e suas cascatas. Cansados mas satisfeitos, fomos pagar o estacionamento e saímos do parque, a caminho de Cauterets.








Algumas paragens ainda, para apreciarmos mais cascatas.











À entrada de Cauterets, uma clínica de tratamento de doenças reumáticas, mesmo sobre as águas saltitantes das cascatas. Quando me der o reumático, será aqui que virei procurar alívio...

Queríamos ainda ir visitar o adiado castelo de Mauvezin, mas o cansaço desaconselhou a ideia. Ficará para a próxima viagem por estas paragens. Assim, regressámos a Lourdes, para preparar o regresso a efectuar no dia seguinte.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

VALE DE AOSTA 2014 - 13 GRUTAS DE BÉTHARRAM

7/8

Este dia estava reservado para visitas a alguns pontos de interesse de Lourdes, além do santuário. Escolhemos a manhã para visitar as grutas de Bétharram, a cerca de 15 Km da cidade. A estrada que lhes dá acesso, corre sempre ao lado do Gave de Pau, aqui com vários rápidos, assinalados para rafting e descidas em canoagem, bem como saltos para a água feitos a partir de uma ponte. Chegámos bem cedo, à hora de abertura, conseguindo assim apanhar o estacionamento quase vazio e fazer parte do primeiro grupo de visita.

Junto ao parque de estacionamento, fica o edifício de recepção, com uma enorme maqueta das grutas, lojas de recordações e a saída das grutas. A entrada é feita a uns 2 Km de distância, percurso feito em autocarro, incluído no bilhete de entrada.








Logo na recepção fomos agradavelmente surpreendidos por um jovem guia extremamente simpático que nos abordou em português, ao ouvir-nos falar. Ficámos a saber que era luso-descendente, com avó portuguesa e estava muito bem informado sobre Portugal, seus actuais problemas, vida económica e política, habitualmente desconhecida dos nossos jovens residentes... Conversámos durante um bom bocado, até sairmos no autocarro.


Grutas de Bétharram
Entrámos e tivemos nova e inusitada surpresa, pela sua raridade: a descrição sonora da visita feita nas línguas de todas as nacionalidades ali presentes, no caso, italiano, castelhano, alemão e português!

Assim, os franceses ouviam a explicação feita pelo guia e depois os "estrangeiros" ficavam para ouvir na sua própria língua, sucessivamente.










As grutas são de facto espectaculares, no que tem para mostrar em estalactites, estalagmites, formações geológicas lindas, mas também pela sua grandiosidade, imensas "salas", uma grande profundidade, cuja temperatura vai descendo também conforme vamos progredindo.








Já lá no fundo, um barco com um dragão ao leme espera-nos para fazermos uma parte do percurso num ribeiro que corre pelas profundezas.











E em seguida, já na parte final, o percurso é feito de forma veloz a bordo de um pequeno comboio que nos transporta no escuro, por curvas apertadas, túneis estreitos e baixos, até à saída.









Excelente forma de voltarmos de novo ao agradável contacto com o sol, cujo efeito já se fazia sentir àquela hora. Despedidas do simpático guia e de novo a caminho de Lourdes, pois já eram horas de almoço. As grutas tinham-nos ocupado quase toda a manhã!






No regresso a Lourdes, tempo ainda para assistir a uns saltos para a água, numa ponte sobre o Gave de Pau











num local onde costumam decorrer provas de descida do rio











e de rafting.











Depois do almoço, fomos de funicular até ao Pic du Jer, montanha junto a Lourdes, de onde se obtém uma vista espectacular sobre a cidade e seus arredores.









Subida ao Pic du Jer com Lourdes ao fundo















No cimo do Pic du Jer, a vista em redor é fabulosa. Há ainda uns jardins bem cuidados, com árvores exóticas, um bar com esplanada e a entrada para mais umas grutas.









Vistas as vistas, descemos de novo à cidade, agora para visitar o seu castelo.










Pátio interior do castelo de Lourdes

Já cansados, entrámos no castelo, subindo num elevador que nos levou até ao cimo de uma torre altíssima. Este castelo não se distingue por aquilo que habitualmente procuramos num castelo: muralhas, torres, ameias, armamento.









O seu maior interesse está na quantidade de exposições que alberga no seu interior. Quase todas as salas estão ocupadas com exposições temáticas, que retratam diversas áreas de interesse sobre a vida antiga nos Pirenéus








como o mobiliário












ferramentas utilizadas em diversas profissões












e actividades.












Maquetas de casas típicas das várias províncias pirenaicas, quer francesas, quer espanholas.











Depois de visto o castelo, entrámos ainda numa enorme igreja,com um interior majestoso.











 Cansados, sentámo-nos por fim numa esplanada, fora da confusão do centro da cidade, a saborear um gelado, antes de regressarmos ao carro para rumarmos a "casa".








sábado, 13 de setembro de 2014

VALE DE AOSTA 2014 - 12 ARREAU

6/8

Mais um dia de Cols. Agora para o lado de Leste. Saímos de novo por Luz-st-Sauveur, com a mesma dificuldade de travessia. Aqui apanhámos a D-918, a caminho do Col du Tourmalet, outra das etapas de referência do Tour de France.

Estrada estreita, com grandes declives e muito trânsito. No Col du Tourmalet, havia obras e todos os lugares onde era possível estacionar um carro, estavm ocupados. A paisagem é linda, para ambos os lados que se avistam do alto da montanha, apesar dos bancos de nevoeiro que a espaços tapavam as vistas. Na impossibilidade de parar, começámos a descer, mas logo tivemos que parar numa fila que seguia atrás de uma viatura enorme que transportava uma gigantesca máquina industrial, das obras que decorriam lá em cima.


A cada curva, novo engarrafamento, pois os carros que vinham de frente tinham sempre que recuar para a bisarma poder, a custo, continuar, ocupando toda a estrada.









Felizmente que o gigantesco camião parou na estação de desportos de Inverno de La Mongié, cheia de carros e de gente que se acumulava numa interminável fila para o teleférico que dá acesso ao Pic du Midi de Bigorre e assim pudemos continuar pelo Vallé de Campan, agora mais descontraidamente. Pouco depois, virámos à direita, no sentido de Col D'Aspin.




Pic du Midi de Bigorre
O Col D'Aspin, tem vistas lindas para o vale onde se situa a encantadora cidade de Arreau.



Todo o local é domínio dos bovinos, que ocupam as montanhas, a estrada, os caminhos e o estacionamento!








Este sítio é verdadeiramente idílico, com paisagens bucólicas que nos transportam para a nossa literatura de infância.











Para se passar é preciso esperar pela boa vontade das vacas, que por vezes ficam paradas pensativamente no meio da estrada, até que algo desperte o seu interesse









como o piquenique que uma família fazia calmamente na erva fresca, interrompido pela curiosidade e apetite das vaquinhas...










Lá em baixo, muito ao fundo avistava-se Arreau, onde contávamos almoçar. E depois de uma vertiginosa descida, possível pela quase ausência de trânsito em sentido contrário, chegámos à linda Arreau.







 Arreau é uma deliciosa cidadezinha, situada numa encruzilhada, entre o Col D'Aspin e o Col  de Peyresourde e na estrada que dá acesso a Espanha pelo túnel de Bielsa. Tem uma arquitectura fabulosa, de que ressalta o seu mais emblemático edifício, a Mairie, com o mercado por baixo.







 É atravessada pelo irrequieto rio Neste, que com as suas pontes, flores e lindas casas, forma um conjunto urbano digno de cenário para pintores.











 Pequenos mas graciosos estabelecimentos, dão cor e um toque de magia à cidade.









Arreau


Arreau tem excelentes restaurantes e almoçámos no L'Arbizon, num cenário envolto em flores. Deliciosa refeição num ambiente a condizer.










Antes da partida, tempo ainda para usufruir um pouco mais dos preciosos recantos da cidade












e da sua linda igreja.










Partimos então pela D-618, ainda mais para Leste, a caminho de Col de Peyresourde, sem a espectacularidade paisagística dos anteriores. Atravessámos a bela cidade termal de Bagnères-de-Luchon, cheia de belos edifícios oitocentistas, inúmeros palacetes e belos parques com frondosas árvores, que lhe conferem um ambiente de cenário cinematográfico de finais de séc. XIX. Não parámos, com pena, porque já entardecia e estávamos longe de "casa". Começámos a subir para Norte, agora pela D-125, com visita a Salles-et-Pratvie, para recordar um camping onde já pernoitámos anteriormente. Seguimos depois até Montréjeau, onde tomámos a A-64 até à saída 15, por Bagnères de Bigorre.


Antes, fizemos ainda uma paragem no castelo de Mauvezin, mas não pudemos visitá-lo porque já estava encerrado. Chegámos a Aspin-en-Lavedan já à hora de jantar e um pouco cansados, mas satisfeitos.